30.10.09

Afinal...

Afinal tudo faz sentido...

O tempo passa, os momentos experimentam-se, a vida corre sem parar, mas temos todos sempre o mesmo objectivo (mesmo sem o sabermos): Encontrarmo-nos.

Não tenho dúvidas que o nosso objectivo é esse, o de resolvermos os nossos conflitos interiores, até encontrarmos a nossa paz interior. O primeiro mistério é descobri-los. O segundo, caso necessitemos, é percebê-los. O terceiro é aceitá-los. E com três passos (apenas) resolvêmo-los...

Parece simples, mas não é...

Parece fácil, mas não é...

A nossa consciência alerta-nos constantemente para as consequências dos nossos actos, colocando-nos vezes sem conta entre a espada e a parede - a procura do nosso eu versus a probabilidade (mesmo que minima) de atingir, não a maçã, mas sim quem queremos bem. E adiamo-nos, sempre, mais uma vez, perterindo a busca de nós, da nossa paz, do nosso caminho, da nossa voz.

Parece parvoíce, mas não é...

Parece altruísmo, mas não é...

É sermos egoistas pelos outros, para nós...


Passei a vida que já vivi até aqui a agradar quem me rodeia, por maneira de ser, por forma de estar, tão natural em mim, ficando feliz por cada sorriso que despoletava. Apenas isso bastava.

Passei a vida até aqui, a tentar minimizar nos outros qualquer dor, tristeza ou desilusão. Saí-me bem, até aqui, mesmo que por cada minimização acumulasse em mim maior tristeza, anulando aos poucos a enorme vivacidade que é tão característica em mim...

Há pouco mais de um ano o meu pai apareceu-me num sonho e disse-me "luta pelos teus sonhos"

Pouco depois questionei-me "e que sonhos são esses?"

Há um ano atrás a minha mãe disse-me "admiro-te muito. e o teu pai de onde está deve estar a bater palmas de pé para ti"

Há meio ano uma grande amiga olhou-me e disse-me "tenho saudades de ti".

Hoje a minha mãe disse-me "não te preocupes. tudo se resolve. há muita gente que gosta de ti"

Amanhã vou-Vos dizer:

"Eu sei";
"Estou aqui"
fazer uma vénia
"Admiro-te muito"
" Já descobri"
e
"Nunca deixei de lutar, acho... mas só agora é que percebi"

Nada acontece por acaso e todo o negativo é positivo se soubermos e quisermos adicionar-lhe um traço

17.10.09

A caixa do tesouro

Recebi uma caixa antiga chinesa de dois palmos por um palmo e meio que foi da minha avó, cujo nome próprio herdei. A caixa já é velhinha mas tem tanto significado...
O meu tesouro.
E nela não guardei tesouros valiosos, valiosos com valor comercial. Apenas, e os mais importantes, aqueles com enorme valor sentimental.

O relógio do meu pai, um pendente de Jaguar, o teste de gravidez da minha princesa, os seus primeiros dentinhos, foram os primeiros a ter um lugar.

15.10.09

I wish...

Deixei que a minha princesa abrisse todos os meus presentes, só para ver o seu sorriso de alegria e a abertura dos presentes tornou-os ainda mais bonitos.
Deixei que soprasse as velas com alegria, porque o seu fôlego e alegria são a razão da minha maior alegria.
Não deixei que trincasse a vela.
Trinquei-a em silêncio, fechei os olhos com força e visualizando, repeti o desejo que formulei de manhã.

13.10.09

Tempo

Existem muitos pequenos belos momentos fotografados na nossa memória que correm em flashback durante um pequeno e belissimimo momento recém-nascido no tempo.

Matematicamente falando, na condição de que estas fotografias nunca irão queimar e de que momentos especiais não deixam de existir, quantos mais novos belos momentos, maiores, mais prolongados e intensos serão os flashbacks de cada novo momento... maiores serão os momentos... mais cheia será uma vida.

11.10.09

"As coincidências são a maneira de Deus se manter anónimo" Einstein

Aos incrédulos, aqueles que dizem que tudo não passa de coincidências, aos discrentes, aqueles que não conseguem nem querem ver que a vida tem pequenos e estranhos mas belos momentos, uma advertência.... Não leiam o que abaixo escrevo. É por conta em risco a vossa passagem de atestado de loucura à minha pessoa.

No ano passado, em Setembro fui de viagem para Trás-os-Montes com o objectivo de visitar a terra onde o meu pai nasceu e conhecer a terra dos meus avós paternos. Concretizei os dois objectivos, mas falharam-me outros dois. Reconhecer-me na terra dos meus bizavós, que ao invés de me darem paz me deixaram confusa e triste e descobrir a casa onde o meu pai nasceu, que ele próprio por ter vindo para Lisboa apenas com um mês de idade, e por não ter nascido na sua casa mas sim numa casa de familiares, nunca conheceu.
Chegada de viagem, provavelmente umas duas semanas depois de ter estado em Murça (a terra Natal do meu pai), insatisfeita naveguei na internet à procura de algo que me desse uma pista. Nas minhas pesquisas encontrei um senhor, estudioso de história transmontana e duriense, que referia num dos seus estudos que um tronco da sua família era de Murça e coincidentemente um outro tronco cruzava com um meu, logo seríamos de alguma forma primos muito distantes. Levei algum tempo a arranjar coragem para meter conversa com este senhor que desconhecia, mas por fim meti a timidez para trás das costas e escrevi-lhe um email a expor toda a situação e complicada história da minha família e a pedir-lhe uma qualquer sugestão ou dica sobre o possível conhecimento de uma casa de família em Murça. Passado um dia respondeu-me dando indicações de como fazer pesquisas genealógicas e onde deveria procurar informações. Confesso que na altura fiquei um pouco aborrecida, por me ter respondido num tom condescendente, como se eu nunca tivesse feito qualquer pesquisa, como se eu fosse uma principiante nestas lides. Não respondi, não agradeci o seu email. Mas uma semana passada, voltou a responder-me a contar que tinha exposto o meu email em conversa com a sua mãe e que ela lhe teria dito que se lembrava de uma família Ribeiro em Murça cuja casa havia sido entretanto vendida e que actualmente era pertença de um senhor, para o qual me deu o nome. Dessa vez agradeci, e disse-lhe que se tivesse sucesso na minha investigação lhe escreveria a dar conta das novidades.

Muita coisa se passou entretanto. Saí da empresa que havia sido a minha casa durante anos. Afastei-me de amigos com quem convivia diariamente. Entrei numa nova empresa. Comecei de novo. Reencontrei amigos. Conheci novos. Chegou a Maio e todo os momentos passados no ano passado começaram a repetir-se nos mesmos momentos, no mesmo tipo de situações, ciclicamente. E à semelhança do ano passado, em que a viagem a Trás-os-Montes me abriu os olhos, a minha mãe ao ver-me a dar um loop e ficar de cabeça para baixo, virou-se para mim no final de Agosto e disse-me: "Queres ir a Trás-os-Montes? No ano passado fez-te bem...".

Em Setembro fui às páginas amarelas na Internet à procura do email do actual proprietário da suposta casa onde teria nascido o meu pai. Suposta, porque a dica poderia ser incorrecta. Mesmo sendo a casa referida da família Ribeiro, poderia ser de uma família Ribeiro diferente. Da mesma forma que escrevi ao estudioso no ano passado, escrevi ao dono da casa um email a expor toda a situação e a informar que planeava uma visita a Murça no início de Outubro. Não obtive qualquer resposta.

A seis de outubro meti-me no meu pequeno carro com a minha mãe e a minha filha e fomos para Trás-os-Montes debaixo de chuva. Um tempo horrível num percurso longo e numa estrada que com chuva se torna assustadora, o IP4, pelo meio da Serra do Marão. Mas os anjinhos ajudaram e chegámos a Mirandela ilesas e sem qualquer tropelia pelo caminho, apenas cansaço.

No dia seguinte, o tempo amainou e fomos a Murça. Disse à minha mãe que queria fazer um reconhecimento à volta dos supostos limites antigos da vila de Murça de carro, antes de nos pormos a andar a pé por todas as ruas sem destino. Lembrava-me claramente dum sonho que tinha tido pouco depois do meu pai falecer onde o meu pai estaria sentado, velhinho, numa cadeira de verga antiga, de costas para as janelas que davam para um campo que se elevava atrás. O sol punha-se do lado direito da janela. O médico, daqueles à antiga que iam a casa de maleta preta, entrava por uma porta junto à janela, como se a entrada da casa ou pelo menos daquela divisão fosse feita por um terraço. Recordava-me dum apontamento de um irmão do meu pai que referia que o meu pai tinha nascido na casa dos tios Ribeiro, com casa e lavoura.
Démos a volta a Murça antiga e entrámos numa rua estreita onde uma camioneta estava a descarregar barris de cerveja. Perguntei ao senhor se saberia onde era a Rua da Independência (havia procurado a morada o suposto actual dono da casa nas páginas amarelas). Ele riu-se e disse-me que estava mesmo à minha frente. Perguntei-lhe se saberia onde era a casa do senhor X e ele riu-se... Apontou e disse "Está a ver aquele terreno baldio? É ali. A casa foi demolida no ano passado". Perguntei-lhe se o senhor X estaria em Murça e ele respondeu-me "Acho que não está. E não sei em que dia volta". Agradecemos e fomos a pé até ao terreno que nos tinha indicado. A frontaria daria para a rua onde estávamos, mas o final do terreno era elevado à altura de dois andares. À nossa frente depois do terreno vazio tínhamos um morro em planalto com uma abertura no meio, como se fosse um caminho para subir e no topo do morro do lado esquerdo um poço. A entrada da casa ao lado tinha umas escadas a céu aberto e subimos. O morro nas traseiras da casa era uma enorme vinha e o sol, pela sua localização, poria-se do lado direito. Fiquei apreensiva. Não tinha certezas, não queria pensar que já tinha encontrado sem confirmação. Voltava à carga que podia e era bem provável a existência de mais uma família Ribeiro.

Fomos à câmara à secção de obras e pedimos informação. Soubemos tudo aquilo que já sabíamos. Que tinha sido demolida no ano em que o meu pai faleceu e que o dono era a pessoa que nos disseram que seria.

Fui à Conservatória, mandaram-me para as finanças, já que sem o artigo matricial não me podiam dizer nada. Nas finanças, estranharam por muito que lhes explicasse o objectivo das minhas perguntas. Não acreditavam que era uma procura sentimental. Mas depois de eu começar a vergar, quase com lágrimas nos olhos a dizer que queria encontrar a casa onde o meu pai nascera, que ele próprio não sabia onde era, já que tinha nascido e vindo logo para Lisboa. Só depois disso e de eu própria me aperceber que eu tinha o interesse que o meu pai nunca tinha tido, de procurar a sua origem, e depois de dizer ao senhor das finanças com uma lágrima ao canto do olho que o meu pai é como um Deus para mim é que me começaram a olhar de uma forma diferente. Levaram-me de imediato para a sala de arquivo e começaram a mexer nos livros mais antigos. Mais uma vez, o que descobrimos não foi diferente do que já sabia. Que a casa era do senhor X, e que havia sido do seu padrinho antes. Mas lá me deram o número do artigo para ir à conservatória e foram almoçar. Chegada à conservatória a mesma coisa... A senhora com pouca paciência, a resposta igual à das finanças e eu cada vez mais desanimada por não conseguir confirmar no papel as fontes e com o senhor X fora de Murça por tempo indeterminado.

Fui ter com a minha pequena e a minha mãe ao parque infantil e resolvemos ir almoçar ao mesmo restaurante onde nós as três (avó, filha e neta) havíamos comido no ano passado. Chegámos sentámo-nos, pedimos a refeição e a dado momento a dona veio ter connosco a perguntar-nos se já lá tínhamos estado. Respondemos que sim e ela disse que se lembrava bem de nós do ano passado, por sermos avó, filha e neta e que a filha dela se lembrava de me ver a conversar com o marido que era professor a dar-me indicações para uma terra chamada Vales. Giro... Perguntou-nos o motivo da visita e explicámos-lhe. Quando lhe falámos do senhor X, ela referiu que ele almoçava naquele restaurante todos os dias, mas que estava para fora, como já nos tinham informado. Continuámos a almoçar e a senhora voltou pouco depois toda contente a dizer que estranhamente o senhor X estava em Murça, o que não era habitual naqueles dias, e que tinha acabado de entrar no restaurante. Uau...

A minha mãe que estava de frente para a entrada disse-me que a viu a falar com ele enquanto eu arranjava coragem para ir meter conversa com o senhor que não me tinha respondido ao meu email, que estava todo bem vestido, que falava alto com os companheiros de mesa sobre política e que pior que tudo, estava a almoçar. Arg! Guerra interior entre concretizar um objectivo e boa educação. Entretanto a minha filha já tinha acabado de almoçar e brincava no computador com a neta da dona do restaurante. Levantei-me e fui para ao pé delas o que me punha numa posição priveligiada sobre a mesa do senhor X. Lá arranjei coragem e cheia de pedidos de desculpa pela interrupção disse-lhe: "Não sei se sabe quem eu sou, mas eu escrevi-lhe um email". Olhou de baixo para cima para mim ao mesmo tempo que limpava os lábios com o guardanapo de pano e disse-me "Sei perfeitamente. Peço desculpa não lhe ter respondido mas não tive tempo". Já nem me lembro bem, mas começou de imediato a falar da casa demolida, a dizer que tinha nascido lá e que a casa lhe tinha chegado à sua posse, por intermédio do seu padrinho que a haveria comprado à família Ribeiro no final dos anos trinta. Disse ainda que a casa tinha sido no Dom Diogo de Murça, cujo brasão, em pedra de altura de quase um metro, havia doado à Escola Secundária de Murça antes da demolição da casa. Mas houve uma altura em que os meus olhos brilharam, em que me senti como uma menina que acaba ver o pai natal a colocar os presentes junto à árvore. O senhor X contava a história da casa e disse: "E sabe quem nasceu naquela casa também? O Fernando Vaz, o grande treinador de futebol do Sporting. Mas, não deve saber quem é, já não é da sua época...". Resposta? O brilho dos meus olhos, a grande confirmação de que aquela era A Casa. O Fernando Vaz, muito embora muito mais velho, aliás, faleceu nos anos 80, era, dada a intrincada história da minha família, meu primo direito, filho da irmã mais velha do meu pai.

O Senhor X, muito simpático, e já nada assustador nesta altura, ofereceu-se para nos acompanhar ao terreno da casa e oferecer-nos uma visita guiada. Lá fomos, depois de o deixarmos terminar calmamente o seu almoço, na visita à terra que passei a ver de uma forma descansada e feliz e não apreensiva como a havia visto na nossa primeira passagem. Falou-nos das capelas que haviam existido, da sala de espectáculos que o terreno tinha, mostrou-nos a grande vinha, cuidada. Perguntei-lhe se a casa tinha um terraço, acenou com a cabeça em sinal de sim. Perguntei-lhe o que ia ali fazer, disse que ia reconstruir tudo como de origem, manter o terraço com vista para a vinha já que lhe trazia muitas recordações de infância. Sorri...

No caminho de volta, enquanto o Senhor X e a minha mãe engraxavam os sapatos, na sapataria da rua em frente eu e a miúda de All Star metemo-nos de novo no terreno à procura de pedras. Fui para o monte de entulho de pedras do que restava da casa, encontrei xisto, a pequenita encontrou um quartzo e saímos contentes da lama com as nossas pedras para levarmos para casa, como um marco, como uma recordação de um objectivo cumprido, o de encontrarmos a sua casa.

Depois de nos despedir-mos do senhor X, ainda fomos à escola secundária ver (e fotografar) o brasão e depois metemo-nos à estrada.

No caminho para o hotel e ainda agora enquanto escrevo, penso... Se não tivessemos ido a Murça no ano passado, não tínhamos conhecido a dona do Restaurante. Se a minha tia não tivesse adoecido no ano passado, não teríamos ido almoçar só as três e a senhora não se lembraria de nós. Se não tivesse escrito um email há um ano atrás, não saberia de quem era a casa. Se não tivesse feito uma volta à vila, não tinha encontrado o senhor da camioneta de cerveja. Teria ido logo directa à conservatória onde seriam ainda mais evasivos do que foram. E porque é que o Senhor X afinal estava em Murça quando não deveria estar? Não perguntei... Mas acredito do fundo do coração que todos lá em cima estavam a ajudar e que este dia não iria acabar sem a casa encontrar. E da mesma forma que sonhei e interpretei o sonho como o fim da vida do meu pai no seu começo, no berço, acredito que teria de encontrar mais cedo ou mais tarde a casa que ele não tinha procurado. Senti paz.


P.S. Obrigada EV pela coincidência da citação ;)

5.10.09

Variações

Eram 11:00 AM quando me liguei à corrente e escrevi sem publicar:

“Deitei-me às 5:50am, levantei-me sem despertador às 10:00am. Estou fresca.
Às 5:00am os meus olhos aguentavam-se abertos à conta de desafios, desafios que foram derrotados pelo excessivo cansaço que trazia no corpo depois de um final de tarde de tremendo reboliço no quarto. A terapia... arrumações.

Arrumar para sentir a minha vida um pouco mais arrumada, pelo menos no espaço que me envolve. É um começo. Entre caixas e sacos de vácuo a encher de roupa de verão, gavetas e roupeiros a encher de roupa de inverno, casacos a pendurar para limpar a seco e sacos a encher de roupa fora de uso ou justa (sim, estou menos magra), por onde antes parecera ter passado um vendaval, hoje existe organização. Enquanto quase desfalecia nas arrumações, sim, sou um furacão (o que odeio fazer tenho de fazer bem, mas o mais rápido possível), a cabeça continua a tentava desvendar mais um mistério das minhas investigações genealógicas, provocado por um hiato de tempo sem livros paroquiais, exactamente o período que pretendia investigar. Nos pequenos intervalos de desgaste físico, parava. Sentava-me à frente do computador e ligava à minha mãe para lhe dar as minhas últimas teorias sobre o estranho caso da inexistência de um Abílio nos registos da paróquia. Às 11:00PM decidi jantar, ver o King Kong, só para vegetar. Ainda não totalmente satisfeita de filmes, e sem vontade para me deitar vi o Último Samurai. Sei que estava quase a adormecer mas só uma imagem me vinha à cabeça. Quando falava ao telefone com a minha mãe, no final de tarde, nos intervalos das minhas arrumações, sentada na cozinha à frente do computador, olhava pela janela e via o n.º de telefone de um apartamento à venda no prédio da frente. Houve um momento em que abriram uma das janelas e os cinco primeiros dígitos do telefone ficaram escondidos pela janela não aberta. Restaram apenas quatro dígitos visíveis - 1845. Levantei-me do sofá, decidida a procurar nos arquivos digitalizados do etombo um casamento realizado na paróquia alvo das minhas investigações. Procurava o apelido Ribeiro... Existiram apenas três casamentos nesse ano de 1845 e um deles tinha como nubente um Ribeiro. Fixei-me no nome embora não me tenha trazido nenhuma conclusão para as minhas investigações, a não ser que aqueles deveriam ser os avós do Abílio que tanto procuro que nem familiar directo me é, mas que com o conhecimento da sua família me ajudaria a dar certezas sobre a casa onde o meu pai nasceu. Eram 5:00am, cinquenta minutos antes de me deitar quando comecei a pensar e a preocupar-me com as coisas que tenho de fazer nos próximos tempos no trabalho e que sinto não ter tempo para fazer tudo e cumprir com os meus objectivos... Pensei em ausências e como as pessoas que gosto têm uma forma de dedicação tão diferente da minha, ao ponto de pensar se existe algum equilíbrio na minha forma de gostar com a forma que os outros têm de gostar de mim. Não é que dê alguma importância a isso, mas com algumas, raríssimas, pessoas, talvez as que preencham mais os meus pedaços, isso acontece, parece que falta um pedaço quando não há equilíbrio... Bom, entrei em loop, com suores frios, com o coração a bater a mil à hora. Terminei o que me tinha obrigado a fazer e fui-me deitar, desanimada, com um sentimento de perda e de "o que é que eu ando a fazer à minha vida"... Caí redonda na cama... Acordei com um pesadelo às 9:30am, chorei no sonho (que ainda agora me recordo) e levantei-me às 10:am, com vontade de viver o dia, mesmo com cinco horas estendida e umas duas horas de sono (suponho) descansado. Estranho...
Pequeno-almoço...
Fui arrumar, desta vez, hi hi nova terapia, as últimas cópias de documentos antigos que preenchem mais um pedacinho das minhas investigações históricas. Já há meses que não tocava no meu canto de arquivo de investigações. Fiquei admirada quando dei por mim a verificar o tanto que já pesquisei, o tanto que descobri e os documentos e livros que já criei. Fiquei orgulhosa do que já fiz e alcancei... e mais orgulhosa por ainda continuar, de quando em vez (tem de ser por ciclos, por preservação de sanidade mental), a envolver-me naquela que é uma investigação de vida, a procura do conhecimento de todos os que permitiram hoje aqui estar e ter os pais que tenho e a miúda mais querida do universo.
Terminadas ‘essas’ arrumações, programada para ir mexer em mais um canto há muito não mexido, virei-me para a minha filha e disse-lhe:
- Sabes amor, tu tens um tesourinho... Quando nascestes recebeste presentes e até aos teus três anos reuni coisas que achei que um dia acharias graça... Fica aí sentada que vou buscar...
Trouxe-lhe duas caixas. Uma com os presentes que recebeu quando nasceu e quando foi baptizada. Colheres, medalhas, fios, etc. A reacção da pequena era de "Uau!" e rapidamente confiscou para si, para sempre, para uso diário, um fio com uma cruz. A segunda caixa até a mim me deixou deliciada, por já não me lembrar de tudo o que continha. Os selos emitidos no ano do seu nascimento, as moedas, os seus primeiros desenhos, os anuários de várias revistas do ano em que nasceu, o Borda d'Agua, uma colecção de cromos do europeu de futebol do ano em que nasceu (mais uma bolsinha com os cromos repetidos), uma revista dedicada ao percurso fabuloso mas não vitorioso do SCP na taça Uefa no mesmo ano e duas revistas dedicadas à vitória do SLB no campeonato nesse ano. Orgulhosa, olhei para estas últimas três edições e pensei para os meus botões... "Até mesmo aqui permiti-lhe a escolha. Para salvaguarda, guardei-lhe os dois diferentes tipos de publicações. Gostaria que tivesse escolhido o meu clube, mas desde pequena que ela escolheu. E é essa escolha, o meu respeito pela decisão, que a faz ser uma adepta saudável, que gosta do meu clube mesmo não sendo o do coração dela, pelo simples facto de ser o clube da mãe".

Agora, exposta a evolução de temporário bem-estar, vou comer pato à Pequim”

4.10.09

Ai

Que loucura...
Nem sei bem em que pense...
Se fervo, se relevo, se desculpo ou se esqueço...
Desculpar nasceu comigo...
Relevar depende das situações...
Esquecer... nunca... anoto mesmo que seja num canto meio obscuro do coração...
Fervo...

Falas demais Lua...
Escreves ainda mais...
Expoes-te, desproteges-te...
Colocas-te Nua, Lua
e ainda assim, por muito que te desmintas,
Esqueces-te...

1.10.09

Uma Viagem especial....

Hoje assim do nada, na terapia diária de condução do meu simples carro em marcha moderada pela faixa da direita do IC19 com destino a casa, depois de um dia atribulado de trabalho que terminou com o fecho do escritório a rir de uma qualquer piada, dei por mim, assim, de um momento para o outro com os olhos inundados de água. Não caiam… apenas tornavam os meus olhos vidrados e me turvavam a visão através do pára-brisas sujo por falta de água no depósito do limpa-vidros. Irónico… Excesso de água de um lado, secura de outro. Levei com uma valente e súbita ‘porrada’ de saudades e num misto de tristeza e felicidade inundei-me.

Triste pela falta, feliz por recordar-TE como tu quererias. Pensei e lembrei-me de milhares de coisas ao mesmo tempo, recordei bons e menos bons momentos. E a mil no cérebro e cada vez mais lenta marcha, aproveitei a viagem para estar um pouco mais perto de ti.

A lua espreitava-me pelo canto superior direito do pára-brisas enquanto a minha mente voava e o meu coração te vivia. E se por algum momento ela se escondia em alguma esquina da porta do meu carro, eu esticava-me para a reencontrar, parando por momentos qualquer pensamento fluido, como se a verificar se ainda ali estava. E estava, linda, num anoitecer meio avermelhado.

Lembrei-me do teu sorriso, das tuas saídas perfeitas, da tua atitude altiva mas sempre simpática, das tuas tiradas sarcásticas, do teu olhar de “se pensas que me enganas estás complemente enganada”, da sintonia dos nossos olhados cruzados, do teu sorriso tímido e corado daquelas poucas vezes em que algo (nunca alguém) te deixava atrapalhado.

Lembrei-me da tua missa de corpo presente e sim, podes ficar contente, até pensei em pensar nos últimos dois dias, aqueles… sabes? Mas a velocidade do meu pensamento não me deixou prender a qualquer um desses tristes pensamentos.

Pensei que ainda não tinha entrado naquela que foi a tua casa durante a tua infância e adolescência, mas rapidamente pensei que vou a Trás-os-Montes e que teria de começar a programar uma ida a Moçambique. Senti-me a impor-me um novo desafio, algo que não posso morrer sem cumprir e fiquei nem triste, nem contente, mas com um sentimento de quem acaba de tomar uma decisão definitiva.

Lembrei-me de algumas sensações que tive aquando da ausência por motivos de férias dos meus namoradinhos da juventude. Lembrei-me de ter sentido que já não me lembrava bem das suas caras, que as fotografias que tinha não mostravam bem aquilo que eu queria lembrar, que já não me lembrava bem das suas vozes e lembrei-me do medo que senti… “E se eu me esquecer, e se eu não me conseguir recordar”. Pensei nisso e sorri. É isto o amor maior, é esta a maior prova de amor por ti… Lembrar-me de todos as tuas expressões, da tua voz, do teu abraço, do teu olhar, da tua forma de andar, de todas as respostas que sei que darias em qualquer situação, relembrar-te como querias que eu te recordasse, como se nunca, nunca, tivesses saído daqui, como se hoje fosses comprar comigo o jantar, como se estivesses apenas ali, sentado no mapple, de mãos postas em ‘v’ com as pontas dos dedos encostadas aos lábios a olhar para mim a conversar encantado. Como se tivesses a preparar para me começar a ensinar uma valsa… Como se tivesses hoje aqui, mesmo ao pé de mim, ali no lugar do pendura a acompanhar-me, como se tivesse acabo de tirar a carta. Estás… e hoje deixei-me conduzir-me pelo caminho mais longo, fiz mais um desvio, andei para a frente e para trás, dupliquei a quilometragem de uma viagem normal de carro, para me sentir assim, mesmo com os olhos inundados, mas ao pé de ti. Tão perto…

Enquanto te sentia ouvia a última música (brilhante) do mais recente álbum dos Muse. Agora, enquanto escrevo oiço Freedom (de Braveheart) – a música que ouvia quando estavas doente -.

Agora escrevo-te na tentativa vã de prolongar este meu sentimento, mas com a consciência que um dia este texto que hoje escrevo me vai relembrar aquilo que a vida me tentará com as suas tropelias fazer esquecer… Um único e inesquecível momento.

Love U

27.9.09

Pulga

E a Pulga casou-se…
Peguei-a ao colo pela primeira vez, recém chegada da maternidade, tinha eu seis anos.
E ontem casou-se.
E ontem, pela primeira vez num casamento, deixei que umas gotas de água e cloreto de sódio, aparecessem timidamente no canto dos meus olhos, numa luta entre a emoção e a futilidade de borrar os olhos excepcionalmente maquilhados para a ocasião.
O tempo passa a correr e sem querermos, preocupados com o sujeito, o tempo, esquecemo-nos de fazer aquilo que nos faz viver. Ser e lutar para sermos Felizes.
À miúda e pirralha mais eléctrica, mais bem disposta, mais simpática e contagiante um grande:
Continua Assim, Feliz

P.S.:
Não me custou deitar às seis da madrugada e levantar às dez, para ir para o aeroporto.
Não me custou o frenesim antes e após fabuloso casamento.
Mas agora estou v-e-r-d-a-d-e-i-r-a-m-e-n-t-e afónica e de rastos.
No próximo fim-de-semana descanso (digo isto em todos, mas enfim...)

19.9.09

Aviões e túneis de luz

Ausência...
Habituamo-nos, sobrevivemos, mas não esquecemos.
Até é um presente... Apercebemo-nos da importância do que nos é querido, com o vazio que subitamente nos provoca... Como se fosse mais um teste, como se tratasse de um mero lembrete do nosso interno outlook de sentimentos e não de eventos.
Longe da vista, longe do coração... é um dos ditados populares que aprendi a refutar nos últimos anos e que assumi como errado desde o ano de 2008.
Aos viajantes que nunca me abandonam e que teimosamente, saudavelmente e apaixonadamente o meu coração guarda a sete chaves, um beijo pleno de saudades, como se nunca tivessem saído daqui.

Afinal é só mais uma semana ou o final da minha vida terrena que nos afasta do nosso reencontro. Passa a correr :)

Um amanhecer = Renascer
Um dia = Uma vida
Um anoitecer = Morrer

Graças a Deus o anoitecer não me deixa esquecer :)

Até já

15.9.09

I've had the time of my life

Acordei ao som da notícia que Patrick Swayze morreu.
Recebi mensagens de amigas da adolescência tristes com a notícia.
Fiquei triste, enfim... mesmo já sabendo há quase um ano da sua doença...

Pensei que há pouco mais de uma semana disse para os meus botões que a paranoia que hoje tenho com um puto de nome Robert Pattinson era superior a qualquer fanatismo da minha vida (foram muito poucos e subtis, graças a Deus), até mesmo que o Patrick Swayze. E catapum... Morreu.

Cheguei ao escritório e comentei com uma colega de vinte e um anos a perda de mais uma pessoa marcante este ano. Resposta?
- Quem é o Patrick Swayze?
Estupefacta, respondi-lhe:
- Estás a ver o impacto que o Twillight tem para a tua geração? Estás a ver a doideira com o Robert Pattinson? O twillight desta geração está para o Dirty Dancing na minha.O Robert Pattinson desta geração está para o Patrick Swayze na minha...

Só que o Pattinson não dança como o Swayze, não tem o corpo do Swayze e o Swayze não era assim tão bonito. Mas ambos não deixavam as suas amadas a um canto (Nobody leaves baby on the Corner) e são encantadores, cada um à sua maneira, em cenários e épocas tão distintas. O Patrick Swayze marcou uma geração de adolescentes que viviam ainda na época das VHS que lamentavelmente começavam a ficar gastas de tanto visionamento. Foi ele que pelo seu trabalho no Dirty Dancing nos ensinou um pouco sobre a guerra nos EUA, com o seu protagonismo na série Norte e Sul.

Há tempos, em honra de doces memórias, comprei o DVD com extras e vi o filme pela enésima vez com supostos olhos de adulta, de mãe. Comecei por vê-lo com um sorriso trocista, comentando interiormente com a simplicidade, banalidade e qualidade do filme. Sim, não tem argumento que fique na história, é um enredo já tão batido... Mas poucos minutos de filme bastaram para que entrasse em toda a trama e me esquecesse das criticas destrutivas que fazem de nós os adultos chatos que somos e virei uma simples adolescente. E da mesma forma, ao terminar de ver o filme, repeti a última cena umas três vezes. Uma delicia...

Cantou "She's Like the Wind" mas teve sempre a sua namorada de sempre ao seu lado. Foi e é, a doce memória de tantas, mas tantas, hoje mulheres.

Espero que de onde está possa cantar "I've had the time of my life", porque a mim ajudou a preencher com ainda mais cores o arco-iris da minha adolescência.

Ao Patrick!

14.9.09

Um tributo memorável

Gravei o VMA 2009 da MTV para ver a preview de New Moon.

Mas o momento alto, o momento que me arrebatou, me deixou pregada ao sofá foi o arranque do Video Music Awards sob um pano preto, com uma cada vez mais bonita Madonna vestida de negro a falar de Michael Jackson.

Seis minutos de ternura, que nos fazem pensar e aplaudir de pé, mesmo que sós numa sala, como se tivessemos lá, rodeados de toda gente, a aplaudir todos juntos uma mulher que se ultrapassa a si própria num tributo a quem também ele é, inultrapassável.

12.9.09

A resposta

O tempo, cinzento...
A vida, num corre corre
O tempo, curto...
A vontade, num canto...
O amor, algures...

Até este blogue está chato...

Quando me lembro tento descobrir o que se passou, quando aquela janela para um sonho me mostrou a minha filha com três anos e o meu pai ainda doente. Foi há dois anos e meio... e se me puser a ler dois anos e meio de posts para tentar encontrar alguma resposta, chego à mesma conclusão que chego agora. Ando a reviver ciclicamente momentos que se passaram há um, dois anos. Basta-me uma questão, para a qual interiormente sei a resposta e exteriormente me falta a coragem para a acção. O que ficou por fazer?

O que não fiz, abala tudo o que concretizei, questionando-me sobre tudo o que alcancei, baralhando-me na resposta para o "onde falhei".

A questão é que eu sei o quê, o onde...
A questão é que depende de mim...
A questão é que... tenho receio...
mesmo tendo a resposta Aqui

Sim

28.8.09

Raio de Sol Luz Maior

Hoje, que supostamente existiriam duas luas no céu
Hoje, que estranhamente, ainda sei de cor
Hoje, algo estranho, inexplicável me acalmou
Me fez flutuar
Num minuto de paz

“De olhos bem abertos
percorro a paisagem
E guardo o que vejo
para sempre…
numa clara imagem

Um manto imenso de água
um pingo move o mundo
Corrente forte exacta
de um azul…
quase profundo

Um sopro de AR
faz girar
um mundo real

Raio de sol
luz maior
para partilhar

Um espelho nunca mente
fiel como ninguém
Faz da vida…
PAIXÃO
Energia
que toca sempre mais Alguém

Vai…
espelho de água
Trata e Guarda
o que é Nosso afinal…

Em NÓS…
vive a Arte
de ser PARTE
de um Mundo Melhor

Eu sei……
que os gestos BANAIS
parecem Pouco
mas talvez sejam fundamentais”




Letra e Música – Paulo Gonzo “Espelho de água”

25.8.09

ai...

QUE SAUDADES...

23.8.09

Repenso

Estou há muito tempo fora da minha zona de conforto
Deste sofá saltam molas que me ferem as costas
Os cantos ganham teias de aranha de aranhas que desconheço

Onde está a almofada companheira que me aconchega os sonhos?
Parece-me a mesma mas não me ajuda.

Sonho, quando durmo, que percorro casas que desconheço e sonho com janelas de coisas minhas de casas que reconheço mas estou sempre do lado de fora.

Repenso?
Tenho saudades do meu sorriso...

:S

19.8.09

Afinal são Seis


Toldados os sentidos
Visão e audição
mesmo sem tacto, olfacto e paladar
resta sempre um
a memória


na recordação de um olhar
na lembrança de uma voz
a sensação de um toque
a inspiração de um cheiro
num beijo


Pic: skywalker

Uma janela num sonho

Uma janela para onde olhei
que me chamou a atenção de relance
Logo depois...
Uma, duas ou mais fotografias
onde miraculosamente apareces
por trás de nós
Uma de frente apanhado desprevenido
Uma de esguelha de sorriso malandro

Ah! Ah! Apanhei-te!!!
Numa das janelas dos meus sonhos...

No meu sonho corri a mostrar as fotos à mãe!
- Vês?!? Acredita...

17.8.09

auch!

é triste quando a tristeza não desiste...
quando a confiança começa a falhar
quando o medo teima e pressiste
mesmo com um sorriso no olhar

today é isso que sinto
Hoje defendo-me de lutar dolorosas guerras
today guerreio para conquistar um espaço para construir ameias

Hoje, ontem e amanhã,
Sempre... Balança...
Sempre... Lua...
Sempre...

Forbidden to remember, terrified to forget

Onde estás?

8.8.09

Pescador sem linha

Jogo de palavras que se esquece, troca de pensamentos que flui, como um pensómetro que recolhe todos os sentimentos e pensamentos verbalizados, catapultados para um espaço, para o ar, dentro de um cubículo enclausurado. Como uma varinha que suga ao de leve, suga continuamente como se pescasse uma sereia sem a querer magoar, libertando novelos de linhas de raciocínio a pesar. Há medida que as palavras saiem, sem nelas pensar, sem pescador com isco, sem um pingo de malícia, a cabeça menos cheia começa a flutuar e o coração persistente, graciosamente teimoso, bate aceleradamente bombando todas as veias, reanimando todos os órgãos, enchendo o cérebro de ar.

Sim, porque esse pescador não pesca, não sabe o que é pescar, nem mesmo sabe que pesca, nem como se faz para pescar. Sente que uma sereia lhe canta, lhe enche o mundo de palavras, de pensamentos altos meio tolos, de palavras impensadas, de películas fantásticas nunca imaginadas e lhe fala melódica e celestialmente do meio do lago: O mais romântico que poderia fazer na vida, caro inconsciente Pescador, era sair destas águas e andar. E tu? Sabes nadar?


A ouvir: Yiruma - River Flows in You

1.8.09

Um sonho...

Sou a maior arquitecta e ao mesmo tempo a maior demolidora da pequena grande muralha que me envolve. Não sou perfeita… Não hei-de ganhar qualquer prémio Valmor na cobertura deste grande edifício. Terei possibilidades de ganhar se o mostrar completo sem muros, nem panos. Mas mesmo assim serei sempre imperfeita…

Vale a percepção de que as qualidades e defeitos tornam uma pessoa única, rara e portanto valiosa.


Destapei-me mais uma vez…
de noite…
a sonhar com um jardim de um palácio…
desci a pesada porta presa nas muralhas deste edifício que afinal não é um simples retiro mas sim um luminoso castelo… e passei o dia que entretanto nasceu a sorrir.

31.7.09

Need for Peace

São palavras ditas docemente, arrastadas ao ritmo do movimento de olhares...
Tons baixos, honestos, interrompidos numa compreensão silenciosa de pensamentos...
Palavras não ditas, faladas em olhares prolongadamente pousados...
A sensação de que o nosso é o único espaço, respirá-lo deliciosamente...
como se o ar não fosse um bem raro, nunca escasso...
como se hoje fosse o último dia, como se hoje a terra acabasse...

Olhar para tudo o que nos rodeia e sentir que o amor vale... tudo
Que não há motivos para vivermos assim...
autómatos
dependentes
sem esplendor
sem arrebatamento
opacos

- E agora, sentes-te em paz?
- O importante é o momento...
- Agora é o momento que importa...

- Boa noite
- Bons sonhos

27.7.09

TEAM EDWARD !

Que se lixe!
Sim!
Admito!
ESTOU ADDICTED!

21.7.09

Onde estás?

Aninho-me à socapa na tua cama sem ninguém ver...
Enquanto ao fundo se ouvem vozes e pratos de quem prepara mais um almoço na copa, na tua cama enrolo-me por segundos em posição fetal com as lágrimas a encherem-me os olhos e numa luta para não deixar que alguma escorra perdida, que os olhos fiquem esverdeados de choro, para ninguém me apanhar...
Tudo porque ninguém pode ver que choro... por ti, por saudades do teu corpo, aqui.
Tenho saudades... tantas...
Tento lembrar-me de ti saudável, mas a melhor e mais terna memória ao contrário do que desejarias é a de ti velhinho. Velhinho, sim, mas muito doce e a sorrir. Lembro-me de cada nota da tua voz, como se nunca tivesses saído daqui e como em criança é a ti que me socorro e da mesma forma em silêncio, em reconhecimento por um unico olhar, sempre que algo me faz mal, me preocupa, me faz chorar.
Aconchegas-me a roupa à noite ao deitar?
E se a meio da noite gritar, levantas-te e vens-me aconchegar?
Diz-me no teu tom de voz sábio que tudo irá passar...

16.7.09

Long time no see

Se me desse agora para escrever, oh! Estou a escrever agora… Perguntar-me-ia “que baboseira escreverei agora”. Estou impregnada de vícios sem querer… Pequenos prazeres que me fazem apagar por momentos aquilo que quero esquecer. Afasto-me deste blogue sem vontade de escrever, por necessidade de fechar os olhos ao que não está perfeito, mudar um pouco da rotina, para olhar de fora com olhos de ver. Não tenho vontade, necessidade, prazer de escrever e muito menos inspiração. Sinto-me oca de sentimentos puros, transparentes e românticos. Vazia de profundidades que tanto ocupam o meu ser. A vantagem ou as vantagens… apenas penso no necessário, apenas penso no momento. Os sonhos que se haviam apagado das minhas noites voltaram mais confusos que nunca, com personagens reais há muito desligados, com cenários dantescos ou de sonho. Embrenho-me nos vícios, novos vícios, que descubro agora enquanto escrevo, que preenchem o que na realidade vou perdendo… Romantismo, amor puro, apaixonante, coração galopante e menos importante, mas mesmo assim necessário, conquistas e dinheiro (ficticio, uma ilusão). Tornei-me numa fã tipicamente adolescente na leitura da saga “Luz e Escuridão”, encantada com um jovenzito de 26 anos com sotaque muito British e ainda por cima vampiro! Ainda há amor assim? Bom, a OST passa sem parar no leitor do carro com Muse a abrir, o DVD é o especial e os quatro livros, mesmo a arrebentar de trabalho, foram lidos no espaço de duas semanas e meia. O escape e livros de ajuda a adormecer por força do cansaço. O outro vício, Mafia Wars, que em nada teria a ver comigo até o primo Ju, de coração puro, me transmitir a vontade de envolver nestas andanças. Novo escape... E assim balanço… Uns dias a Saga, outros dias a Máfia… conforme as necessidades.
Não quero pensar demasiado fora da hora de trabalho. Não quero não ter vontade de me deitar. Não quero rebolar na cama com preocupações. Não quero sonhar acordada com resquícios do passado. Com ontem aprendo, com hoje vivo, amanhã é uma incógnita. Se hoje me dá para não pensar demasiado, para não sonhar com o inalcançável, é porque algo em mim me força a o fazer, nem que seja para me proteger. A teimosia é uma qualidade até à altura em que começa a roçar a burrice. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura… com que consequências? As gotas lutadoras escarrapacharam-se na pedra, os seus restos evaporaram-se… e a gota vencedora perde-se num escuro e fundo buraco!

Isto é o resultado de escrever sem vontade.