Ainda há pouco, ao ouvir rádio, voltei mais uma vez atrás no tempo.
No meio de um zapping desenfriado por estações de rádio, à procura de uma estação que estivesse em sintonia com o meu estado de espírito, apanhei a música "Eu sei" da Adelaide Ferreira. Não, não faz de forma alguma o meu género, mas não evita que me relembre da febre dos festivais que percorria Portugal inteiro há uns largos anos atrás.
Literalmente, o país parava. As ruas ficavam desertas como hoje acontece quando a selecção Portuguesa joga uns quartos-de-final de uma competição europeia ou mundial.
Lembro-me de ainda pequena, acho que nem oito anos tinha, ter ido para casa de uma tia minha, para vermos o festival numa televisão a cores. Que alegria... mas também, que tristeza... Portugal one Point, Portugal un Point... Penso que foi quando começámos a ter melhores pontuações que nos começámos a desinteressar. É sempre assim... Ganhar sempre não tem piada, deixamos de apreciar verdadeiramente o sabor de uma vitória. Nunca ganhámos, mas por uns tempos deixámos de estar nos últimos lugares...
Consigo relembrar-me de quase todas as músicas que nos levaram à Eurovisão da Canção, até há música da Lucia Moniz. De umas gosto por entrarem facilmente no ouvido, de outras porque pura e simplesmente me agradam.
O Playback do Carlos Paião... Não vi o festival, mas lembro-me de ainda no infantário estar sentada no chão com os meus coleguinhas, como se estivessemos a viajar de carro, e a cantarolar o refrão.
O Depois do Adeus do Paulo de Carvalho... Não vi o festival, estava na barriga da minha mãe... Mas todos os anos por altura do 25 de Abril, essa música tornou-se inevitável, e de longe uma das músicas portuguesas que mais me encanta.
A música da Dina, Amor de água fresca, apenas e só pelos trocadilhos divertidos que fazía com a letra.
O José Cid... Incontornável... nem que seja pela quantidade de vezes que participou e pelo tipo de música festivalesca que cantava. Se tivesse abanado a cabeça como o Stevie Wonder, de certeza que teria ganho um dos festivais.
"Já fui ao Brasil"... não me lembro do nome do grupo, mas era uma daquelas músicas que entrava no ouvido e frequentemente trauteava.
E as nossas Sara Tavares, Dulce Pontes e Lucia Moniz... Diamantes em bruto ainda por polir...
São estes que ficam...
Não me entristece a decadência do interesse pela Eurovisão da Canção, nem pelos Jogos sem Fronteiras, que antes tanto me divertiam (Eládio no seu melhor...). Mas confesso que sempre que oiço uma das músicas esquecidas dos nossos festivais, gostando ou não gostanto dela, a melancolia bate à porta com um sorriso terno de infância.
Pic: nottslad
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