E passaram-se o quê... dezoito anos?
Estava na esplanada do jardim, a fotografar os reflexos dos edifícios no lago, a ouvir a minha filha ao fundo a imitar o grasnar dos patos, a ver o céu, a sentir o sol a adorar os meus braços, a aquecer as minhas costas... Meio cá, meio lá. A observar e inspirar tudo o que me rodeia, a pensar como tudo não é coincidente. A lembrar-me do marasmo da manhã e do nada que assimilei para mim. Mais uma vez, tudo decorria em câmara lenta, todos os milésimos de segundo soavam a importantes. De relance algo me captou. Voltei a olhar. Inspeccionei ao detalhe a figura que se encontrava sentada ao meu lado. Desportivo, musculos lisos bem delineados, elegante. Mas algo me fazia voltar a olhar. Eram os olhos... Ao invés de um cabelo curto e moreno, tentei visualizar uma cabeleira loira e lisa. Ao contrário de uma cara com traços rígidos, tentei encontrar umas bochechas rosadas. O telefone tocou... A voz era a mesma, mas mais grossa. Era ele, não era? Fiquei na dúvida enquanto bebia o café. Continuei na dúvida quando me decidi a ir embora. E quando me levantei pensei "Mais vale fazer figura triste do que ficar uma semana a pensar". Aproximei-me da mesa, agachei-me e perguntei:
"Desculpa incomodar... mas... és o André?"
Olhou-me nos olhos e levantou-se de repente. E sem palavras, apenas com o meu nome, abraçou-me ao fim de dezoito anos. E que bem que me soube esse abraço. Ficámos na conversa enquanto a pequena lua e o pai se afastavam para irem brincar com os cágados. Situámo-nos em termos profissionais e de vida. Apontei para a pequena lua e disse "É a minha filha". Comentou que tinha reparado nela a brincar mas que não se tinha apercebido da minha presença. E como é usual em amigos e colegas de infância começámos a falar daqueles com quem ainda mantemos contacto. Ficámos com os contactos um do outro para ver se "um dia destes" combinamos um jantar com todos aqueles que conseguirmos apanhar o rasto.
O engraçado de tudo isto é que de facto a vida surpreende-me a cada dia que passa. Só precisamos de estar atentos a tudo o que por nós passa.
Tenho encontrado vários nossos ex-colegas do colégio, graças à renovação de geração no colégio, a geração dos nossos filhos, a qual coincide com a geração dos pais, mas ao fim de dezoito anos, num lugar onde nada me o faria encontrar, encontro-o assim sem que nada me fizesse esperar.
O mesmo aconteceu com o meu pai e a mãe dele há... vinte e nove anos atrás. Quando depois de anos sem se verem, tendo a última vez sido ainda em Lourenço Marques, se encontraram assim sem que nada estivesse previsto, numa festa de Natal do Colégio dos filhos. De certo que o abraço deles na altura correspondeu em pleno ao saboroso abraço que hoje senti.
Costuma-se dizer que a vida é feita de encontros e desencontros. Eu prefiro o contrário.
Que a vida seja feita de desencontros para por fim, num qualquer lugar, nos podermos encontrar.
É esta a luz...
Acreditar e não desesperar.
Estava na esplanada do jardim, a fotografar os reflexos dos edifícios no lago, a ouvir a minha filha ao fundo a imitar o grasnar dos patos, a ver o céu, a sentir o sol a adorar os meus braços, a aquecer as minhas costas... Meio cá, meio lá. A observar e inspirar tudo o que me rodeia, a pensar como tudo não é coincidente. A lembrar-me do marasmo da manhã e do nada que assimilei para mim. Mais uma vez, tudo decorria em câmara lenta, todos os milésimos de segundo soavam a importantes. De relance algo me captou. Voltei a olhar. Inspeccionei ao detalhe a figura que se encontrava sentada ao meu lado. Desportivo, musculos lisos bem delineados, elegante. Mas algo me fazia voltar a olhar. Eram os olhos... Ao invés de um cabelo curto e moreno, tentei visualizar uma cabeleira loira e lisa. Ao contrário de uma cara com traços rígidos, tentei encontrar umas bochechas rosadas. O telefone tocou... A voz era a mesma, mas mais grossa. Era ele, não era? Fiquei na dúvida enquanto bebia o café. Continuei na dúvida quando me decidi a ir embora. E quando me levantei pensei "Mais vale fazer figura triste do que ficar uma semana a pensar". Aproximei-me da mesa, agachei-me e perguntei:
"Desculpa incomodar... mas... és o André?"
Olhou-me nos olhos e levantou-se de repente. E sem palavras, apenas com o meu nome, abraçou-me ao fim de dezoito anos. E que bem que me soube esse abraço. Ficámos na conversa enquanto a pequena lua e o pai se afastavam para irem brincar com os cágados. Situámo-nos em termos profissionais e de vida. Apontei para a pequena lua e disse "É a minha filha". Comentou que tinha reparado nela a brincar mas que não se tinha apercebido da minha presença. E como é usual em amigos e colegas de infância começámos a falar daqueles com quem ainda mantemos contacto. Ficámos com os contactos um do outro para ver se "um dia destes" combinamos um jantar com todos aqueles que conseguirmos apanhar o rasto.
O engraçado de tudo isto é que de facto a vida surpreende-me a cada dia que passa. Só precisamos de estar atentos a tudo o que por nós passa.
Tenho encontrado vários nossos ex-colegas do colégio, graças à renovação de geração no colégio, a geração dos nossos filhos, a qual coincide com a geração dos pais, mas ao fim de dezoito anos, num lugar onde nada me o faria encontrar, encontro-o assim sem que nada me fizesse esperar.
O mesmo aconteceu com o meu pai e a mãe dele há... vinte e nove anos atrás. Quando depois de anos sem se verem, tendo a última vez sido ainda em Lourenço Marques, se encontraram assim sem que nada estivesse previsto, numa festa de Natal do Colégio dos filhos. De certo que o abraço deles na altura correspondeu em pleno ao saboroso abraço que hoje senti.
Costuma-se dizer que a vida é feita de encontros e desencontros. Eu prefiro o contrário.
Que a vida seja feita de desencontros para por fim, num qualquer lugar, nos podermos encontrar.
É esta a luz...
Acreditar e não desesperar.
1 comentário:
Os teus últimos parágrafos, vão de encontro ao meu último escrito.
Desencontros....
Excelentes "Encontros" teus.
Beijo
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