3.9.08

momentos

Tudo tem o seu momento, o seu auge, o seu sentido num momento único no meio de tantos momentos na vida. Ainda há pouco, questão de umas horas, fazia todo o sentido falar sobre o Nesquik em pó, Ucal de chocolate, Nestum com mel e fabulosas e abusadas torradas de pão alentejano a transbordar de manteiga, num dia de inverno, e todas as recordações e aconchego que isso traz. Mas o que aqui escrevo ainda com deleite não tem o mesmo impacto, detalhe e sentido das palavras, linhas, segundos sentidos e histórias que ainda há poucas horas senti tanta vontade e necessidade de escrever. A minha amiga almofada que anda sempre às avessas com a minha impulsividade, também ela minha amiga, quando consegue apanhar os meus desalinhos é a minha melhor aliada na resolução dos meus nocturnos castigos. Descobri que a almofada é o tempo, e o tempo que me oferece para me encontrar em mim. Tanto me ajuda a minimizar as origens da minha impulsividade, reduzindo o fogo, a paixão, a direcção que sinto, como me tira o brilho e o fulgor dos momentos impulsivos que me preenchem a vida. Gosto dela, mas apenas para me organizar e quem sabe, partilhar aqueles sonhos que só ela sabe. É conselheira, é amiga confidente e silenciosa dos meus desejos e vontades mais escondidas. É por isso que não gosto de deixar nada por dizer e resolver durante o dia. Os momentos, sempre únicos, são para ser vividos acordados, conscientes, com impulsividade e amor em quantidades mega industriais, para de noite, limpa, adormecer em sorrisos sem necessitar de organização ou conselhos, prolongando a intensidade dos doces e impulsivos momentos do dia, partilhando-os secretamente com uma amiga.

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