7.2.09

Almas

Pois não sei…

Confesso que nem eu própria compreendo e as únicas alturas em que sinto entendo é quando não me ponho a pensar nisso, não racionalizo…

Mas acredito que cada pessoa que se cruza no nosso caminho, se cruza por algum motivo. Não sou assim há muito tempo, tem sido o meu caminho que me tem tornado assim. Chamem-lhe evolução, auto-conhecimento, eu chamo-o de procura de nós, assimilação daquilo que não nos é transmitido socialmente e que as pedrinhas na calçada nos vão mostrando ao longo do caminho.

Comecei por conhecer há uns seis anos aquela que é hoje uma irmã para mim, que sem me dizer nada, sendo apenas como é, me foi abrindo janelas para um mundo que desconhecia e que ainda hoje achando incrível, aceito. O nascimento da minha pequena mudou-me e mostrou-me que o amor infinitamente crescente existe. Descobri depois que afinal existe sempre alguém que nos faz sentir especial, mesmo com defeitos, que nos faz sentir completos, puros e transparentes. Passado pouco tempo o meu pai ficou doente, e na sua prolongada doença de dois anos, em que a morte inicialmente me parecia um bicho assustador, comecei a encará-la como a grande porta, uma dádiva, para o meu pai. O meu pai partiu faz quase nove meses, mas não partiu verdadeiramente porque sinto-o sempre comigo. Sinto que, se não me tivesse cruzado com os meus amores, os que acabei de referir acima, se não tivesse passado por um décimo das ocorrências que aconteceram nos últimos anos, ainda estaria a tentar perceber a partida do meu pai.

Não pretendo saber tudo e muito menos mostrar aquilo que não sou, até mesmo porque eu não tenho verdadeira noção disso…

Não sei falar de almas, mas sinto que existem. Aliás, não conceberia hoje a minha vida sem a sua existência, pois ficaria o inverso daquilo que sempre fui… Seria uma pessoa verdadeiramente triste.

Encaro todas as encruzilhadas da vida como uma hipótese de crescermos, de nos tornarmos mais puros, transparentes. Mesmo que muitas vezes o medo nos prenda, nos assuste e nos faça sentir que não somos capazes. Sinto muito isso… Principalmente nos tempos que correm. O mundo parece estar louco! Pela minha filha, assusta-me, mas também por ela, tento não me esquecer, embora por vezes me esqueça, que todos somos fortes, muito mais fortes do que aquilo que supomos.

Almas… parece que estou sempre a fugir do assunto. Mas tenho uma enorme necessidade de me aproximar da história e costumes (a genealogia serve-me apenas para me encontrar no tempo e tapar alguns buracos) dos meus ascendentes. Ainda há pouco estava a ver casas para venda na terra dos meus tetra-tetra avós, que é a cinco horas de caminho de carro, daqui…
Mas mais estranho ainda é a enorme atracção que tenho pela Escócia. Gostava de ir à Escócia para ficar em silêncio, estranho não é?

Se já nos encontrámos… Quem sabe?

A partir do momento em que vejo num amigo meu imensos traços de personalidade do meu pai, que me torno amiga de uma pessoa que desconheço e que se torna no meu maior anjo protector, que reconheço uma casa e mais tarde venho a saber que era da minha avó, que conheço tios que sempre desconheci e sinto que os conheço desde sempre na minha vida, e que o tempo, o mundo me mostra diariamente que contra tudo o amor existe e persiste, vejo-me mais do que obrigada, a aceitar…

Não há coincidências...

Ainda há pouco o retrato da Gioconda chamou-me a atenção no meio de tantos ímans que tenho no frigorífico. Achei piada, parecia estar a sorrir para mim :)


Sábado, 7 de Fevereiro de 2009


Dom Noronha: Obrigada pela mensagem :)

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