Enregelei...
Parei...
Tremi...
Achei ter encontrado a razão para a minha dor no peito....
"O teu pai não reage" disse a minha mãe... senti a sua voz tremida e perguntei-lhe "Chamaste o INEM?"...
Continuei a tremer... peguei na mala e saí... "Não se preocupem, vai tudo correr bem..." disse eu a descansar os coleguinhas e a mim...
Vinte minutos de condução segura sempre a tremer... A rádio ligada bem baixinho... nem a ouvi... estava lá, mas nem a ouvi... tremi, tremi, tremi e só dizia "Espera por mim, Espera por mim...".
Estacionei o carro, vi a ambulancia e subi...
Quando te vi? Apático, catatónico... tremi mas sorri... viste-me e sorriste... reagiste quando me viste, sorriste quando te sorri... Desde aí? Não me ouvias, punha-me à tua frente e deixaste de reagir... Som, visão não estavam ali mais uma vez... Toquei-te, beijei-te as mãos, fiz-te festas e beijei-te a face... devolveste-me o beijo... sorri. Tão valente que és! Ainda disseste quando partias para a ambulância sem nós que nunca mais nos ias ver, no meio de palavras atabalhoadas... respondi-te que não! Íamos ter contigo.
Foram dez longas horas de hospital... horas de sufoco por te ver só e abandonado, por esbarrar com o mundo triste e deprimente em que vivemos... que desespero... mas que quebravam sempre que olhava ao longe para a tua maca e tu me vi-as e acenávas... No meio de tudo, eras o mais calmo... um Senhor!
Sabes ainda agora me doiem os olhos, a testa, a cara, o peito... O susto, o medo e a confrontação com tudo o que habitualmente me alheio, fez-me muito mal... mas o teu sorriso, o saber que a minha presença fez-te melhorar, a tua face rosadinha ainda há pouco quando te deixei, faz-me sorrir... Amanhã será um novo dia...
Dorme com os anjos meu pai...
eu vou deitar-me com o teu sorriso
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2 comentários:
1 beijo enorme para ti, com muito carinho e muita energia positiva.
Ainda falta acontecerem muitas trocas de sorrisos e afectos entre vocês...
beijos.
Força querida...
Um abraço enorme.
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