2.7.08

Let's fly away


A minha geração nunca passou por grandes dificuldades.

Olho para a vida do meu pai e vejo como foi cheia, plena. Foram 88 anos que cruzaram com um final de uma 1ª grande guerra, uma crise financeira de impactos dantescos, uma 2ª grande guerra com impactos de racionamento, uma guerra colonial e uma linda revolução de Abril que rompeu com os seus melhores anos, aqueles que viveu em África. Depois disso nasci eu. Foram-se os tempos áureos e gloriosos, chegou o tempo do amor e terna dedicação à família.

Esta imagem, este percurso, faz-me acreditar que sim, de facto depois da tempestade vem a bonança. É só saber vê-la. Principalmente, abraçá-la.

Olho para mim, olho para o que me rodeia e depois de crises como a da paralização dos transportes, confirmo aquilo que há muito sentia. O quão vulneráveis estamos. Presos a uma falsa segurança que não nos permite defender, lutar por um mundo melhor. Sou optimista, mas preocupo-me. E preocupo-me porque a mudança tem que começar em cada um de nós. E eu, pouco ou nada tenho feito para mudar, a não ser pensar que algo tem que mudar sem nunca conseguir apresentar soluções.

Sinto que é a nossa geração que vai fazer a mudança, que tem de ser ela a dar a volta a um ciclo que está a terminar, ajudando um outro novo a começar.

Sinto que a nossa geração preocupa-se mais com o futuro e não com a satisfação imediata, as conquências futuras dos seus actos.

Sinto que a nossa geração é mais tolerante... mas no entanto, por não termos nunca passado por dificuldades de maior, estamos inertes e causamos sem querermos, por medo ou receio, atrito à mudança.

A dificuldade em programar num futuro breve a nossa vida pessoal, deprime-nos. Essa dificuldade, cria-nos insegurança. Essa insegurança torna-nos inertes a qualquer mudança. E vamos ficando, a ver o mundo a rodar, com sonhos de futuros mais breves que breves, na esperança que alguém no mundo o mantenha a rodar.

Apetecia-me ser irresponsável e mudar a minha vida de lugar.

Apetecia-me ser irracional e não me prender ao meu lugar, que não é meu, mas por rotina, hábito e segurança, o reinvidico por uso capião.

Apetecia-me sentir que sou portuguesa de origem, mas pertenço ao mundo de coração.
E sentir-me bem em qualquer lado, em qualquer parte, como parte não de um pouco mas de um todo.

Apetecia-me dar um murro na mesa com um "Basta!" e sentir que todos o sentem.

Acima de tudo, queria ter coragem para voar e ajudar e ensinar outros a voar... Porque voar sozinha não tem graça. E haverá sempre alguém em baixo a visitar. Se mais ninguém voar, quem nos arrancará do solo para voltar a voar?


Se estou deprimida? Um pouco, mas continuo sempre optimista... há espera que alguém mantenha o mundo a rodar. :(



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