1.7.08

Quantas xs

lembras-te de me dizeres um dia que me havias observado pela janela de nossa casa quando eu ía a caminho da faculdade, e que a minha passada era ritmada e elegante?

pois sabes? saí hoje do escritório, um pouco triste, um pouco farta, um pouco cansada e já quase a chegar ao meu carro, senti a minha passada. olhei pelo canto do olho não para um quarto andar onde antes estavas, mas para o céu, e sorri.

pensei... 'havias de me ver agora' e olhei para o lado.
mas como tudo o que é doce... durou pouco.

momentos passados a ultima frase que utilizaria era essa. não queria que me visses.
porque teimo em me expor a quem não me vê.
dar demais a quem não me sente.
mostrar-me a quem não me compreende.
para quê?

o valer a pena, é algo que é mais intenso e valioso que qualquer dor, qualquer pena, qualquer perda.
não me canso de me expor para me encantar com a pureza e transparência de relações. mas eu própria não meço a minha transparência e ofusco-me em ilusões.
valerá a pena expor-me?
exteriorizar as minhas emoções?

Ninguém merece as minhas lágrimas? merece pois! Tu, eu e quem me deixa ser quem eu realmente sou, sem barreiras, seguranças nem prisões. sem parvas e constantes avaliações. E por esses vale a pena, por esses exponho-me. não é pena nenhuma. por esses dou-me. os outros? cada vez mais me protego, me escondo.

escrito isto...
quantas vezes mais terei de me esconder até conseguir aprender?
quantas vezes mais terei de escrever para interiorizar os meus erros?
quantas vezes mais irei cair nesta repetição?

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